
O reconhecido pesquisador do tema empreendedorismo e do universo das pequenas empresas, o canadense Jacques Filion (FILION, 1999), cita que “[...] o empreendedor é alguém que imagina, desenvolve e realiza visões”. E na sequência deste seu conceito, que na minha visão é a mais completa, abrangente e objetiva definição sobre quem é o empreendedor, me lembro também e trago aqui para fechar esta parte da nossa reflexão, a citação do grande Guru da administração do século passado, o austríaco

Está muito claro e eu nem de longe ousaria contrariar o fato de que é a empresa que possui a expertise de produtizar a inovação (criar um produto que será produzido em larga escala, com custos competitivos e promovê-lo com eficiência no mercado) e que esta é uma parte fundamental (complexa e que custa caro) dentro do processo de geração de inovações. E esta importante parte do processo de inovação, que de fato disponibiliza a
O fato é que a academia reúne condições e ambiência instalada para ir além neste processo e algumas universidades já têm feito isto com eficiência há algum tempo.
Para não ficarmos sem um exemplo, já que tenho o privilégio de poder relatar a história de quase duas centenas de empreendedores que se desenvolveram enquanto estudantes de graduação no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), pois os acompanhei praticamente desde o momento em que se despertaram para o mundo do empreendedorismo, contarei aqui resumidamente a história da Tayla.
Ainda do 5º período de engenharia de telecomunicações, no ano de 2015, apesar de já estar recebendo insights sobre empreendedorismo em seu processo de formação acadêmica, Tayla ainda não tinha alinhado seu sonho à possibilidade de empreender. No entanto neste período, aproveitando o programa de intercâmbio estudantil da Instituição que mantém convênios ativos com várias universidades internacionais, ela fez parte de seus estudos na Alemanha, na universidade Jade University of Applied Sciencesna, o que inclusive lhe outorgou dupla diplomação, da Jade e do próprio Inatel, tendo se formado em ambas.
E enquanto lá esteve, ao participar de algumas grandes festas dirigidas ao público jovem em seus momentos de lazer, chamou-lhe muito a atenção o alto nível de organização destes eventos, que eram para milhares de pessoas, contudo ofereciam uma experiência muito positiva aos participantes, principalmente pela organização. Rapidamente ela percebeu que boa parte desta organização era proporcionada pelo uso de soluções tecnológicas. Solução que envolvia o uso de pulseiras com tecnologia RFID para identificação dos participantes nas portarias e também para ser carregada com dinheiro para os consumos dentro do evento. Isto começou a despertá-la para a hipótese de estar diante da oportunidade de desenvolver uma solução tecnológica correspondente que poderia vir a ser uma inovação no Brasil. O que de fato viria a ser a partir de incrementos tecnológicos inovadores que melhor atenderiam o mercado nacional.
Após concluir seus estudos na Alemanha e retornar ao Brasil para concluir seu curso no Inatel, com o intuito de conhecer mais sobre àquela tecnologia (RFID), ela rapidamente identificou que o programa de iniciação científica (IC) da instituição seria um bom caminho para se aprofundar nos conhecimentos desta tecnologia e ela imediatamente ingressou no programa. Se integrou a um grupo de estudos sobre RFID e foi até o fim daquele projeto de pesquisa, o que de fato lhe conferiu muito conhecimento sobre a tecnologia.
Ainda neste período, quando a possibilidade de transformar aquela oportunidade em negócio já tomava novas proporções na sua vida, ela novamente identificou e aproveitou de mais um programa acadêmico da instituição que foi a Feira Tecnológica do Inatel (FETIN), que naquele momento já era realizada há quase 40 anos, atraindo milhares de visitantes a cada edição para conhecer os projetos tecnológicos dos alunos. Tayla aproveitou a feira daquele ano como aluna, para fazer as primeiras validações da sua solução com o mercado. E para reforçar esta validação, ela convidou para conhecer o seu o primeiro “mínimo produto viável (MVP)”, empresários de um consagrado evento regional que reúne mais de 20 mil pessoas todos os anos. O retorno daqueles empresários foi muito positivo ao ponto de ocorrer um convite da parte deles, que foi um grande desafio e uma grande oportunidade para ela, para que aquele protótipo fosse aplicado/utilizado no próximo evento deles, que já ocorreria alguns meses depois.

Como creio ter ficado claro, a nossa tentativa com esta reflexão, que passa pelo relato de uma breve história real, é a de apresentar fatos que nos levem a acreditar que a academia pode sim gerar empreendedores, empreendimentos e inovações e já o está fazendo.
