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POR ONDE ANDA
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mercado
A jovem que queria ser escritora talvez nunca imagi-
nasse onde poderia chegar quando escolheu fazer um
curso técnico no Ensino Médio. Foi na Escola Técnica
de Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, que Poliana
Teles Sant’Anna Lanari descobriu que a engenharia se-
ria sua profissão. “Hoje, depois de tantas experiências e
oportunidades fantásticas que tive, vejo que não have-
ria qualquer outro ramo onde eu me realizaria tanto.”
Aos 39 anos, a ex-aluna do Inatel, formada em de-
zembro de 1994, é diretora geral da Spinner do Brasil,
empresa alemã especializada em produtos de rádio
frequência. Quando entrou no Inatel eram apenas oito
mulheres em uma sala com cem alunos. Seis delas ter-
minaram o curso. “Minha turma era muito animada, os
intervalos de aula se assemelhavam a um show de co-
média stand-up. Tínhamos músicas com coreografias
criadas pela turma que só de lembrar começo a rir sozi-
nha. Na hora do estudo nos uníamos para fazer as listas
de exercício e um ajudava muito ao outro.”
Quando estava no 9° período, Poliana entrou para
o programa de trainee da Alcatel. Uma oportunidade
que, segundo a engenheira, “abriu as portas para o
mundo”. Lá foram sete anos de trabalho. Depois traba-
lhou na empresa holandesa de cabos para Telecom, a
Draka, na dinamarquesa ISS, e na Koerich, de operação
e manutenção de redes. Há um ano e meio foi convida-
da para montar a Spinner no Brasil, em São José dos
Campos. “Fui a funcionária 001 e iniciei a empresa do
Trajetória profissional que dá um livro
Heleni de Mello Fonseca, ex-
aluna do Inatel da turma de 1976,
uma mulher pioneira. Heleni foi a
primeira mulher a ocupar a diretoria
de instituições e empresas como o
Departamento Estadual de Teleco-
municações – DETEL-MG, Telemig,
Telemar-OI, CEMIG e suas subsidiá-
rias. Foi a primeira e até agora a úni-
ca mulher a ocupar a presidência da
Sociedade Mineira de Engenheiros
(SME) e também, acredite, foi “O
Homem de Marketing” do ano de
1997. É isso mesmo. O prêmio foi
criado em 1981 por uma revista es-
pecializada e 16 anos depois, Heleni
foi premiada.
Para conhecer um pouco mais
desta trajetória de sucesso, temos
que voltar aos 14 anos da adoles-
cente de Lambari que foi para Santa
Rita do Sapucaí cursar Escola Técni-
ca de Eletrônica. Aos 17 anos, entrou
para o Inatel. “Eu estudava o que eu
gostava, era cercada de amigos, um
ambiente saudável e sempre com
muitas expectativas. Sempre me re-
cordo da tensão que era o período de
provas. Mas tinha também a turma
da serenata, a turma de vôlei, o Bar
do Pião, a lanchonete do Sr. Arman-
do, o DA...”, relembra saudosa.
Foi no Inatel que Heleni iniciou
a carreira profissional dando aulas
de monitoria e também no curso de
suplementação. Depois de formada,
não parou de estudar. Fez pós-gra-
duação em Marketing e Desenvol-
vimento de Negócio na Fundação
Getúlio Vargas-FGV e o Programa
de Gestão Avançada-PGA, realiza-
do pela Fundação Dom Cabral-FDC
em parceria com o The European
Institute of Business Administration-
INSEAD, da França. Detalhe: neste
curso foi a única executiva ao lado de
outros 30 homens.
A experiente engenheira fala com
convicção sobre o mercado de traba-
lho para mulher. “Se a profissional se
fizer respeitar pessoal e profissional-
mente, não há como dar errado. Não
podemos confundir preconceito com
competitividade. No nosso meio, a
competitividade é muito grande e
isso vale para homens e mulheres”.
Heleni surpreende até mesmo
nos conselhos. Em época de concei-
tos de “super mulher”, que deixam
em segundo plano a vida pessoal e
familiar em nome da profissão, a en-
genheira deixa a sua dica: “tenham
filhos mais cedo, conciliando sem-
pre com o lado profissional. É muito
bom conviver commuito pique ainda
com gerações diferentes. Os filhos
são importantes para o nosso equi-
líbrio emocional”, garante a mãe de
duas meninas, um menino e avó de
“dois netinhos lindos!”
Ela fez a diferença
a capacidade de formar profissionais não apenas técni-
cos, mas também gestores flexíveis que trabalham em
equipe.” Os projetos profissionais a curto prazo visam
consolidar a Spinner no Brasil. “Minha intenção é con-
tinuar contribuindo para o mercado de Telecom, mas
ainda vou escrever um livro para crianças...”, planeja a
engenheira e, quem sabe, futura escritora.
zero, desde a escolha do local da fábrica e contratação
de toda equipe. Um processo de startup é muito rico,
requer um planejamento muito bem feito.”
Mas engana-se quem pensa que tudo foi fácil. Po-
liana, mãe de dois filhos adolescentes, teve que ven-
cer barreiras por ser mulher. “Vi muitas vezes um ar de
descrença quando eu entrava em uma reunião técnica
e também o ar de surpresa quando eu conseguia dis-
cutir de igual para igual. Tive que me dedicar muito e
provar minha competência.”
Para Poliana, muitas de suas características de ges-
tão e liderança foram desenvolvidas no Inatel, que “tem
“Por onde anda” conta a trajetória profissio-
nal de ex-alunos do Inatel. Mande sua suges-
tão para o email jornal@inatel.br
Heleni Fonseca (de branco),
quando estudava no Inatel e nos dias de hoje
Poliana
Lanari
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