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Guia Vision GUIV
PROBLEMÁTICA/SOLUÇÃO
O projeto GuiV (Guia Vision) surge como uma resposta a um desafio significativo: a falta de suporte efetivo para pessoas
com deficiência visual e auditiva. Muitos dos projetos existentes concentram-se em desenvolver acessórios auxiliares,
como bengalas inteligentes ou pulseiras que, embora úteis, não eliminam a necessidade de uma bengala tradicional. O GuiV,
por sua vez, busca inovar ao minimizar a dependência desse dispositivo, priorizando a criação de pulseiras e acessórios
inteligentes que proporcionem detecção abrangente de objetos e pessoas em todas as direções.
Em uma conversa com um colega que vive com essa condição, ele compartilhou suas experiências e destacou suas principais
dificuldades. Entre os obstáculos mais desafiadores estão os objetos aéreos, buracos e a mobilidade em locais com grande
concentração de pessoas ou objetos. Nessas situações, a utilização da bengala se torna limitada, tornando a navegação
mais difícil e insegura. Assim, o GuiV visa não apenas melhorar a experiência de locomoção, mas também promover uma
maior independência e confiança para esses indivíduos em seu cotidiano.
FUNCIONAMENTO DO PROJETO
O projeto funciona por meio da interação do usuário com um potenciômetro, que controla o funcionamento e a sensibilidade
do sistema. O potenciômetro tem duas posições principais: quando ajustado totalmente à direita, o projeto é desativado, ou
seja, o sistema não recebe alimentação elétrica. À medida que o potenciômetro é deslocado para a esquerda, a distância
detectada pelos sensores ultrassônicos aumenta, variando de 30 cm (distância mínima) até 1 metro e 20 cm (distância
máxima). Essa configuração permite que a pessoa se desloque em ambientes mais movimentados sem que o sistema
ative os vibracall desnecessariamente. O funcionamento é baseado na detecção de objetos dentro da área de alcance dos
sensores. Quando um objeto entra na zona de detecção de um sensor, o vibracall correspondente àquela posição é ativado,
alertando a pessoa sobre a proximidade do obstáculo. A intensidade da vibração aumenta conforme o objeto se aproxima
mais do sensor, permitindo que o usuário perceba a distância e ajuste sua trajetória. Esse comportamento de variação na
vibração proporciona uma forma eficaz de navegação, ajudando na percepção de obstáculos e melhorando a mobilidade em
ambientes dinâmicos. O projeto exige que o usuário tenha o controle do potenciômetro para ajustar a sensibilidade e a área
de cobertura do sensor, oferecendo uma operação simples e intuitiva.
METODOLOGIA E VALIDAÇÃO DA IDEIA
O projeto Guiv utilizou recursos tecnológicos simples, mas eficientes, com foco em acessibilidade e viabilidade econômica.
Foram empregados materiais 3D impressos e componentes eletrônicos de baixo custo, como sete sensores ultrassônicos,
uma bateria de 5v, uma placa Arduino Mega, 6 vibracais, um buzzer, um potenciômetro e diversos jumpers, que garantiram a
funcionalidade do sistema. A metodologia de desenvolvimento foi centrada na inclusão, sendo inspirada nas necessidades
dos portadores de deficiência visual. Para entender melhor as dificuldades enfrentadas por esse público, os desenvolvedores
realizaram testes práticos, como se venderem os olhos, para identificar as reais barreiras e adaptar o projeto de forma a
resolvê-las. A validação do protótipo ocorreu por meio do feedback de um colega com deficiência visual, que utilizou o
dispositivo e o aprovou, destacando sua eficácia. Segundo ele, o projeto se mostrou mais viável do que outras soluções
disponíveis no mercado, que muitas vezes não atendem de forma acessível e econômica a essa necessidade específica.
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