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Jornal do Inatel | 3
Artigo
As Expectativas e
Necessidades do
Brasil para Redes 5G
Professor Luciano Leonel Mendes
Coordenador de pesquisa do Centro de Referência em
Radiocomunicações - CRR
O advento das redes móveis
celulares causou uma grande
revolução na vida das pessoas e foi um
dos vetores que nos levou à atual era da
informação. A primeira geração da telefonia
celular (1G) nos permitiu ligar para alguém,
ao invés de ligar para algum lugar. Com o 1G,
o telefone passou a ser pessoal. A segunda
geração (2G) trouxe o celular digital, já com a
possibilidade de enviar e receber mensagens
de texto curtas (SMS). Esse serviço,
considerado um bônus no 2G, causou outra
revolução, uma vez que as pessoas passaram
a se comunicar mais através de texto do que
através de ligações. O SMS foi o precursor
da febre que hoje vemos entre os usuários
do WhatsApp, Telegram e outros aplicativos
de envio de mensagens. A terceira geração
(3G) trouxe a Internet para a ponta dos nossos
dedos. Com o 3G, tornou-se possível navegar
na Internet e os smartphones, com sua imensa
capacidade de armazenamento, alto poder de
processamento e câmeras de alta resolução
permitiram que qualquer pessoa atualizasse
seu perfil nas mídias sociais de qualquer lugar. um padrão de rede móvel. Nas gerações
Agora, os usuários passaram a ser geradores
de conteúdo e não mais consumidores de
mídias formatadas por grandes empresas de
comunicação. O 3G popularizou a Internet nos
centros urbanos, abrindo espaço para que
aqueles que residem nas cidades tenham uma
identidade virtual, com grandes oportunidades
de expressão de opinião, acesso a serviços
públicos e privados, comércio eletrônico,
entre outros benefícios importantes para a
vida moderna. Hoje nós estamos vivendo
a implantação da quarta geração (4G), que
intensifica e potencializa tudo o que era
oferecido com o 3G. Acesso mais rápido à
Internet, capacidade de assistir vídeos em
alta definição na tela do celular, envio quase
instantâneo de mensagens e fotos para
qualquer pessoa conectada à Internet são
alguns dos avanços obtidos com o 4G.
Agora estamos vendo a repercussão
do 5G – a quinta geração da rede celular.
A primeira pergunta que passa por nossa
mente ao ouvirmos sobre 5G é: por que
discutir sobre 5G sendo que o 4G mal
chegou no Brasil e ainda não está disponível
em diversas cidades do interior? O fato é que
as pesquisas e estudos para a definição de
um padrão de comunicação móvel inicia-
se, tipicamente, uma década antes da sua
disponibilidade comercial. Os esforços
de padronização realizados hoje serão
utilizados pelas pessoas em algum momento
entre 2020 e 2030. Mas sem essa discussão
atual, não haverá uma nova atualização no
futuro. Isso aconteceu também a cada nova
versão da rede celular que vimos nascer no
passado. A diferença é que, pela primeira
vez, pesquisadores brasileiros estão atuando
de forma significativa na concepção de
anteriores, o Brasil simplesmente recebeu
a tecnologia concebida e desenvolvida nos
centros de pesquisa estrangeiros sem a
oportunidade de realimentação quanto às
nossas necessidades e expectativas.
É muito importante para um país com
a dimensão do Brasil estar presente nas
discussões que vão definir o futuro das
redes móveis celulares. No exterior, as
redes 5G estão sendo concebidas para:
i) aumentar ainda mais a velocidade de
conexão dos usuários; ii) viabilizar a Internet que todas as pessoas possam finalmente
das Coisas, com uma quantidade imensa de
dispositivos conectados à rede e; iii) reduzir
dramaticamente o atraso, tornando possível
o controle de objetos reais e virtuais na
chamada Internet Tátil.
Todos esses serviços e recursos
previstos para as redes 5G irão causar um
grande impacto no nosso cotidiano e os
benefícios resultantes desta nova tecnologia
serão importantes para a sociedade
brasileira. No entanto, há um cenário que
não está sendo amplamente discutido nos
fóruns internacionais, e que é extremamente
importante para o Brasil. Apesar da evolução
tecnológica, a disponibilidade de acesso à
Internet é farta apenas nos centros urbanos.
Nas localidades rurais e nas regiões de
baixa densidade populacional não há
nenhuma oferta de serviços de Internet, a
não ser o proibitivo acesso via satélite. A
zona rural é a última fronteira para tornar
o acesso à Internet universal e o 5G pode
ser a solução para esse problema. Essa é
a proposta apresentada pelo Inatel e seus
parceiros do projeto CRR num dos maiores
eventos sobre 5G no mundo, chamado
de 5G Global Event, ocorrido em Roma
em novembro deste ano. Ela consiste em
adicionar um novo modo de operação às
redes 5G, que permita a oferta de acesso
à Internet em localidades remotas com
qualidade a um preço competitivo. Os
potenciais benefícios sociais e econômicos
são enormes. O Inatel e seus parceiros nas
pesquisas em 5G acreditam que este é o
momento de superar todas as barreiras no
acesso à Internet, através da introdução
do modo 5G para Áreas Remotas no
futuro padrão de redes móveis. E estamos
empenhados em mostrar para o Brasil e
para o mundo que isso é factível e viável
com a tecnologia atual. Esperamos, assim,
ingressar na chamada Era da Informação,
e que esse não seja apenas um privilégio
daqueles que vivem em áreas urbanas.