A neurodiversidade e os métodos educacionais no ensino superior

Nos últimos anos, a neurodiversidade tem ganhado espaço no debate educacional, principalmente no ensino superior, considerando que o principal objetivo é a entrega de profissionais capacitados para o mercado de trabalho. Busca-se um ambiente cada vez mais inclusivo e levantam-se discussões necessárias acerca do modelo tradicional de ensino: as escolas estão preparadas para acolher diversas formas de aprender? Este é um grande desafio.

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A ideia de um "modo padrão" de ensino não atende mais à pluralidade da cognição humana. Atualmente, com o grande número de diagnósticos, escolas e alunos neurodiversos enfrentam desafios na adaptação, no preparo do corpo docente e no processo pedagógico. Para acompanhar a evolução, o sistema educacional demanda conhecimento sobre os diagnósticos e orientações adequadas que visam o aprendizado e a autonomia do aluno.

Diagnósticos como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Dislexia e Transtorno do Espectro Autista (TEA) são bastante comuns no ambiente escolar e na maioria das vezes, demandam adaptações.

Modelo de ensino e as necessidades atuais

A educação construiu modelos de aulas expositivas que foram funcionais por muito tempo. Alunos com bons níveis de atenção, que se mantinham com o corpo em repouso pelo tempo da aula e com facilidade de reprodução verbal e escrita, desempenhavam-se muito bem neste modelo.

Hoje, encontramos um perfil de aluno distinto do que tínhamos e funcionava no modelo expositivo. Atualmente, os alunos são frutos de uma transformação social significativa, através do uso das tecnologias que transformaram a cognição, os níveis de atenção foram alterados e a velocidade das informações aceleradas. Sendo assim, o processo de aprendizagem trouxe desafios a um sistema que reproduz o mesmo modelo há muito tempo.

O diagnóstico não determina o suporte que o aluno necessita.

Para o público neurodiverso, o desafio é ainda maior e aqui menciono alguns: pessoas com TDAH, por exemplo, precisam de estímulos diversos como uma forma de se auto regular. No caso do TEA, os aspectos sensoriais e as relações sociais são os principais desafios. Para alunos disléxicos, os materiais didáticos e as atividades avaliativas escritas geralmente precisam de ajustes específicos.

O corpo docente e toda a estrutura escolar também precisam, inicialmente, de uma psicoeducação a fim de conhecer o que é a neurodiversidade, compreender as possibilidades que envolvem o processo de inclusão e os comportamentos adequados ao se relacionar com as pessoas, incluindo os neurodiversos. Esta ação visa a compreensão e a modulação de atitudes ao receber uma pessoa com comportamentos específicos, como o baixo contato visual de alunos com TEA ou a agitação de um aluno com TDAH, por exemplo.

Cabe ressaltar que apenas o diagnóstico não determina o suporte que o aluno necessita. Cada indivíduo tem suas particularidades e o mesmo diagnóstico não define as mesmas condições. Este é um importante critério que deve ser levado a sério no processo educacional. Sem uma abordagem ajustada, muitos alunos não teriam a oportunidade de desenvolver seus potenciais, podendo haver frustrações para o aluno, para a família é um processo de inclusão falho por parte da escola, o que poderia acarretar o abandono do processo profissionalizante deste jovem.

Para que a educação de fato acolha todas as formas de aprender, é necessário repensar as estratégias pedagógicas. Planos Educacionais Individualizados (PEIs) são essenciais, pois permitem que cada estudante tenha objetivos específicos e apoio adequado. Além disso, a adoção de ambientes flexíveis, metodologias ativas e tecnologias assistivas podem beneficiar todos os alunos, tornando o ensino mais dinâmico e acessível.

O processo avaliativo é questionado há bastante tempo e, até o momento, outras possibilidades têm dividido espaço com ele. Trabalhos, avaliações orais, projetos e autoavaliação podem permitir que os alunos demonstrem seus conhecimentos alinhados com outras habilidades, o que parece ser uma forma mais justa de aprender. Também é essencial criar espaços adaptáveis, como áreas silenciosas e ferramentas digitais de acessibilidade, além de ambientes avaliativos que atendam às necessidades dos neurodiversos.

Outro ponto chave é a capacitação docente. Professores que compreendam a neurodiversidade têm maior facilidade em adaptar suas metodologias e tornar o aprendizado mais eficaz. Programas de apoio psicopedagógico, que ajudam no gerenciamento de tempo e organização da rotina, também são vitais para o sucesso acadêmico dos alunos neurodivergentes.

Redes de apoio entre graduandos, monitoria especializada e materiais acessíveis também são fundamentais. O objetivo da rede de apoio é, além de facilitar o processo de adaptação do aluno, permitir que o mesmo desenvolva habilidades que permitam que ele conquiste sua autonomia.

Um novo olhar

O público neurodiverso sempre existiu. Felizmente, hoje temos melhores recursos avaliativos, profissionais capacitados e grandes avanços nas pesquisas que nos direcionam ao abraçar as diversidades. Inclui-los no ensino superior é mais uma forma de tornar a educação mais democrática e alinhada às necessidades sociais. Modelos mais flexíveis e personalizados são uma necessidade urgente e uma tendência irreversível, e as implicações vão além da sala de aula. Uma educação superior inclusiva não só favorece a formação profissional, mas também impacta a empregabilidade e a valorização da diversidade cognitiva no mercado de trabalho.

Se sabemos que cada mente aprende de um jeito, é necessário desenvolver as pessoas que participam do processo de educação para recebê-los . A verdadeira inovação educacional vem da capacidade de adaptar o ensino para maximizar o potencial de cada estudante, promovendo a inclusão, a criatividade, os talentos e tornando o ambiente de trabalho cada vez mais preparado para os desafios do futuro.

 

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