Quando dizem que o engenheiro é um profissional coringa, que se adapta às novas realidades, esse conceito nem sempre fica tão claro como no exemplo do ex-aluno do Inatel, Mauro Periquito. Ele é um desses casos de adaptação aos novos desafios e de superação a cada empreitada que a vida lhe apresentou. E foram literalmente grandes empreitadas, do tamanho de países inteiros, como a que ele está enfrentando agora em Dubai, nos Emirados Árabes. Mas essa é apenas uma das muitas aventuras profissionais de Periquito, como é conhecido desde os tempos de Inatel, pelos amigos. 

A tecnologia entrou muito cedo na vida de Mauro, que buscou o primeiro curso de informática em sua cidade natal, Resende – RJ, aos cinco anos de idade. “Desde pequeno sempre me interessei muito por tecnologia, eletrônica e informática. Tudo começou nos famosos TK-2000, TK-3000, MSX, computadores muito antigos, da década de 1980” recorda o ex-aluno. 

 

Mauro na ponta à direita na Festa Forrock de sua turma no D.A.
Mauro na ponta à direita na Festa Forrock de sua turma no D.A.

A partir dos computadores jurássicos, a convivência com a tecnologia só aumentou para o engenheiro mirim. Até que em 1998, por indicação do seu pai, veio para o Inatel, mas ainda sem muita certeza se era isso que queria da vida. Não teve jeito, na pequena Santa Rita do Sapucaí Mauro se encontrou, fez grandes amigos, curtiu bastante o curso, o ambiente da cidade e por aqui se formou em 2002. 

Mas quem vê o Mauro hoje, aos 40 anos, já casado e com uma filha, participando nada mais, nada menos, do que da Transformação Digital do Saneamento de todo o Catar, país que receberá a próxima Copa do Mundo de Futebol em 2022, não imagina que seu primeiro grande desafio foi assumir de surpresa uma excursão do Inatel. É verdade! Na sua época de faculdade, todos os anos, era organizada uma visita dos alunos à saudosa Telexpo, uma Feira de Telecomunicações, em São Paulo. Tudo certo para Mauro fazer a viagem como mero turista, quando de repente, os colegas organizadores tiveram um imprevisto e lhe pedem para tomar conta da excursão.

Eu me lembro que estava no oitavo período e era engraçado, porque a gente tirava a roupa de estudante e colocava roupas sociais para visitar a feira. Quando o pessoal do D.A. (Diretório Acadêmico) me procurou, disse que por mim tudo bem, mas veio aquele choque de responsabilidade. Na época o ônibus do Inatel era o lendário KinderBus, que a gente chamava de ônibus orquestra, porque a cada viagem era um conserto! Nessa viagem não poderia ser diferente e o pneu furou. Beleza, desce todo mundo no sol, na estrada, passa na borracharia e ‘bora’ pra São Paulo. Ficou muito forte a recordação da mudança brusca de papel, pois meu programa era só passear e acabei virando o organizador de última hora. É uma das muitas lembranças legais que tenho do Inatel Relembra Mauro.

A época de sua formatura também não foi das mais fáceis, afinal as Telecomunicações no Brasil tinham acabado de passar por um processo de privatizações, eram tempos de mudanças e as vagas de empregos não estavam sobrando. Mauro decidiu investir um pouco mais nos estudos, com a Pós-Graduação também no Inatel. 

Chegada a hora de encarar o mercado de frente, Periquito não se fez de rogado e se candidatou para trainee na Vivo, em uma disputa de 24 mil engenheiros por 21 vagas. Na operadora, Mauro passou vários anos e um tempo na Espanha, em um projeto de cabos submarinos de fibras ópticas. “Depois disso eu troquei de lado da mesa, fui do cliente para o lado do integrador. Na Logicalis, fui gerente de projetos de implantação de Redes IP e Redes Ópticas e atuei em quase todos os estados brasileiros, projetos para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos. Por fim, fui para Porto Rico, onde fizemos um projeto para conectar todas as cidades da ilha em uma rede única” orgulha-se o engenheiro. 

Desde 2020, Mauro está distante de sua família, que continua em São Paulo, enquanto ele trabalha remotamente de Dubai, no segundo maior prestador de serviços de meio ambiente do mundo, o grupo Suez da França. Na empresa, o novo obstáculo foi a mudança de área para atuar com transformação digital. “Era necessário termos um responsável para digitalizar parte dos processos de negócio para algo mais inteligente e autônomo, no contrato de saneamento do Catar. Acabei aceitando o convite e, praticamente na mesma época, iniciaram os lockdowns do Covid-19. Devido ao bloqueio da fronteira, ainda não consegui ir para o Catar” conta Periquito. 

“O ciclo que eu vivi na faculdade foi de transformação, não só da formação em Engenharia de Telecomunicações, mas pelo amadurecimento que eu pude experimentar com tudo o que a gente vivenciou na época, que influenciou tanto o profissional, quanto a pessoa que eu sou hoje” enfatiza o atual responsável pela transformação digital do saneamento do país árabe.  

Mauro Periquito
Mauro PeriquitoEx-aluno do Inatel - Turma 2002