Há 50 anos, Inatel e Ericsson seguem lado a lado, com o olhar para o futuro, apoiados em uma história de profissionalismo e crescimento
Em 1969, o Inatel era ainda uma jovem e pioneira instituição de ensino de Engenharia de Telecomunicações quando uma empresa do norte europeu surgiu propondo uma nova amizade. A Ericsson, companhia sueca de reputação irrefutável, possuía uma história consolidada de quase um século nas telecomunicações já naqueles tempos. E, em um acordo do Ministério da Educação e Cultura, a empresa conheceu o recém-implantado Instituto Nacional de Telecomunicações.
Daquele primeiro aperto de mãos se desenvolveu uma afinidade profissional de proporções ainda incompreensíveis para a visão da época. A empresa europeia foi a primeira parceria do Inatel e fundamental em momentos cruciais para que o Instituto se estabelecesse à frente das demandas de tecnologia do país. O feito inicial do novo parceiro de trabalho foi a oferta de uma bolsa na Suécia aos alunos destaques do curso e Janir Aloísio dos Santos inaugurou o programa, se tornando o primeiro a viajar para a matriz da multinacional. Lá, o ex-aluno do Inatel fez carreira por três décadas, abrindo caminho para uma série de ex-alunos que acabariam por construir seus futuros profissionais na empresa-parceira.
Alunos com a marca ‘Prêmio Ericsson’
"A Ericsson criou o primeiro programa de internacionalização acadêmica do Inatel, em que os melhores alunos da turma considerados ‘Prêmio Ericsson’, tinham a oportunidade de fazer um estágio na Suécia” conta o Diretor do Inatel, Carlos Nazareth. Juntas, as duas instituições vivenciaram muitas fases, no momento inicial, esse apoio acadêmico de incentivo aos estudantes elevou as expectativas dos futuros engenheiros e proporcionou projeção profissional.
Mais que um projeto, o Inatel era o sonho de seu fundador, o Professor José Nogueira Leite, que ao desafiar todos os obstáculos impostos à época, criou em uma pequena cidade tradicionalmente rural de Minas, uma escola de engenharia de telecomunicações para formar os profissionais que o país necessitaria para sua expansão tecnológica e econômica nos próximos anos. E o Prêmio Ericsson foi um diferencial e um grande atrativo para essa escola iniciante e com poucos atributos até aquele momento.
Engenharia ou Futebol?
O Professor José Geraldo de Souza, Presidente da Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações, que também completa seu cinquentenário em 2019, comenta como a fama do Prêmio se tornou um objeto de desejo: “Em uma conversa com um ex-aluno, o José Vicente Ribeiro do Vale, ele contou como o Prêmio mudou a sua vida. Apesar de ser um aluno em destaque, sua paixão era o futebol, inclusive jogava profissionalmente para manter seus estudos em engenharia. Como jogador talentoso, sua curiosidade pela Suécia era grande após o Brasil ter vencido a Copa do Mundo contra o país europeu, em 1958. Até que um dia, ao ser alertado que tinha chances de vencer o Prêmio, passou a se aplicar ainda mais e não é que ele foi para Suécia? Ao voltar de lá, trabalhou em empresas de tecnologia até se aposentar, então a parceria com a Ericsson foi responsável por mudar o rumo daquele jovem e motivá-lo para uma carreira que tinha tudo para seguir outra trajetória” enfatiza o presidente da Finatel.
Somando conhecimentos para dividir com o mercado
Desde a presença dos equipamentos da empresa no campus, entre essas questões históricas, a força da parceria sempre se manteve evidente. E foram nos anos 1990, que Inatel e Ericsson tomaram uma iniciativa que deixou um importante legado. “A realização de alguns seminários em conjunto, em São Paulo, sobre Rádio Digital e Comunicações Óticas, ficou marcada como a primeira vez, que juntos, as duas instituições foram ao mercado oferecer capacitação, aberta a todos, no Centro de Treinamento Ericsson” lembra o Pró-Diretor de Administração e Finanças, Marcelo de Oliveira Marques.
No final dessa mesma década, a companhia precisou intensificar o volume de treinamentos para clientes e colaboradores e encontrou no Inatel a expertise necessária para a tal ampliação. O Instituto selecionou seis profissionais, os capacitou especialmente para atender à necessidade da Ericsson e os especialistas ficaram em tempo integral no centro de treinamentos da multinacional, durante três anos. “Foi um período de muito aprendizado, pela troca de experiências entre os instrutores e a vivência com a cultura Ericsson, três anos que engrandeceram minha carreira, e, foi justamente esse tempo em São José dos Campos que resultou em minha contratação pelo Inatel, a qual completa 20 anos” rememora um dos seis instrutores da primeira fase de capacitações entre os dois parceiros, Rinaldo de Carvalho.
Não haveria Mestrado sem Ericsson
"Outro momento importantíssimo foi o apoio decisivo da Ericsson para a implantação do Mestrado, sem isso nosso mestrado não teria começado” recorda Guilherme Marcondes, vice-Diretor do Inatel. “A Ericsson, por meio da Lei de Informática, financiou toda a primeira turma de mestrado, desde professores, bolsas, aquisições bibliográficas, viagens, enfim, integralmente, até que o curso começasse a ter sustentabilidade” afirma o Vice-Diretor.
A presença da Ericsson para a criação do primeiro curso de pós-graduação stricto-sensu no Instituto foi uma ocasião singular dessa história que completa cinco décadas. “E o que nos alegra nessa parceria é que ela nunca perdeu força, ao longo dos anos, nós testemunhamos a amizade se intensificar e gerar novas formas de trabalho e de integração entre essas duas instituições” orgulha-se Nazareth, Diretor do Instituto.
O tempo passou, a história das telecomunicações se transformou, mas enquanto parceiros, Inatel e Ericsson conseguiram se manter sempre atualizados para as inovações que o mundo necessitava. Em 2006, após a extinta Feira Telexpo, houve o convite de um trabalho diferenciado que perdura até hoje, Luciano Araújo, um dos gerentes da empresa e ex-aluno do Inatel, fez uma ponte entre o Instituto e o responsável pela área de pesquisa e desenvolvimento da multinacional. Eles estavam em busca de mais um parceiro para trabalhar com desenvolvimento de software embarcado das centrais telefônicas, chamadas de wireline.
O Diretor do Inatel completa, “A parceria com a Ericsson é muito importante, primeiro pela relevância da marca no segmento das telecomunicações no Brasil e no Mundo, mas também porque não existe no Brasil um caso de uma parceria de tão longa data, entre uma empresa multinacional e uma instituição de ensino, como o Inatel"
Um causo
Guilherme Marcondes esteve muito tempo à frente das operações em parceria com a Ericsson e se diverte com algumas lembranças dessa época: “Na primeira abordagem, quando fomos convidados a conversar com a Ericsson, eu me lembro que fazia uma apresentação institucional e depois de meia hora explicando sobre o Inatel, de uma forma muita objetiva bem característica europeia, que me agrada bastante, um dos integrantes da reunião me interrompeu e disse:
- Ótimo, você me apresentou o Inatel, eu já tinha ouvido falar, mas por que eu devo contratar sua instituição?
- Eu estava sozinho, pensei durante uns 30 segundos e respondi:
- Eu acho que você deve contratar o Inatel porque se a gente prometer que vai fazer, a gente vai fazer!”, descreve rindo da boa recordação, Guilherme Marcondes.
E continuamos fazendo, muito bem um ao outro, nestes 50 e em muitos outros anos que virão. Acompanhe os próximos capítulos dessa história até dezembro de 2019, ano em que comemoramos cinco décadas de uma admirável amizade.