O aluno de Doutorado, Luciano Camilo Alexandre, integrante da equipe de pesquisa do Laboratório WOCA (Wireless and Optical Convergent Access), está desenvolvendo uma pesquisa científica voltada para o uso de comunicação a partir da estratosfera para prover conectividade em nível global. O seu Doutorado envolve engenharia de espectro e baseia-se na convivência entre as futurísticas plataformas de alta altitude operando como estações rádio-base IMT e os atuais sistemas de comunicações terrestres (redes celulares convencionais) e espaciais já em operação.
Projetadas para prover conectividade em áreas onde a cobertura convencional não chega ou em áreas afetadas por desastres, essas plataformas conhecidas como HIBS (High-Altitude Platform Stations as IMT Base Stations) são aeronaves não tripuladas, equipadas com uma estação rádio-base IMT, que operam na estratosfera, entre 18 km a 50km de altitude. Elas são capazes de cobrir uma área de até 100 Km de raio e funcionam 24 horas por dia, utilizando energia solar durante o dia e baterias durante a noite. A intenção é que, num futuro próximo, elas complementem a cobertura celular terrestre (4G/5G e 6G), com objetivo de permitir o acesso à internet de qualquer localidade, diminuindo assim a desigualdade digital (“Digital divide”).
“O HIBS é um sistema que pode operar em faixas de frequência de sistemas de comunicações terrestres e espaciais já em operação. Nossa pesquisa visa avaliar qual o impacto ou restrições de uso do espectro pode existir entre o HIBS e estes sistemas, visando proteger os sistemas já em operação. O objetivo dos nossos estudos é auxiliar nas possíveis decisões regulatórias a serem decididas na Conferência Mundial de Radiocomunicações 2023 (WRC-23)”, explica o aluno.
Luciano acompanha de perto os debates para o uso dessa nova tecnologia, uma vez que é membro da delegação brasileira que representa o Brasil nas reuniões da União Internacional de Telecomunicações – (UIT-R) no Grupo de Trabalho 5D, responsável pelo IMT. “Para que essas plataformas operem nas possíveis frequências a serem identificadas, é preciso que existam regras definidas no regulamento de rádio (RR) da União Internacional de Telecomunicações (UIT).”, destaca.
As pesquisas compõem a Tese de Doutorado de Luciano, que é orientada pelo Professor Dr. Arismar Cerqueira, Coordenador do Laboratório WOCA, e conta ainda com o apoio da Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel. A parceria é uma continuidade da interação que surgiu durante o desenvolvimento da Dissertação de Mestrado de Luciano, na qual o aluno analisou a convivência de sistemas celulares 4G (IMT Terrestres) com Comunicações Via Satélite.
Em janeiro de 2022, o pesquisador juntamente com os parceiros de pesquisa, publicaram o artigo intitulado “High-Altitude Platform Stations as IMT Base Stations: Connectivity from the Stratosphere” no importante periódico internacional IEEE Communications Magazine. O artigo foi classificado entre os 50 mais acessados da revista.
“O HIBS é mais um desenvolvimento tecnológico para ajudar na redução do abismo digital, complementando a cobertura de redes terrestres em áreas de difícil acesso e em casos de desastres. Este é mais um importante passo para expandir o acesso a Internet no Brasil, seja no setor rural, seja apoiando as redes 5G. O trabalho do Luciano vem ajudando muito para que o Brasil lidere as discussões técnicas necessárias para que essa tecnologia tenha o arcabouço regulatório internacional necessário para sua adequada operação.”, ressalta Geraldo Neto, que é membro da delegação brasileira e presidente do subgrupo de trabalho na União Internacional de Telecomunicações (UIT) sobre o tema.
“A principal vantagem do uso de plataformas HIBS é a cobertura em nível global, ou seja, em todo o planeta Terra, utilizando os mesmos aparelhos celulares que fazemos chamadas e navegamos na Internet nas redes das operadoras celulares terrestres. Esta Tese ratifica o compromisso do grupo de pesquisa do Inatel em contribuir com o Estado da Arte no mundo em tecnologias inovadoras e disruptivas, visando mitigar a desigualdade digital, que ainda é um problema muito sério no nosso país.”, afirma o Professor Dr. Arismar Cerqueira.