Ao longo de três décadas, Incubadora do Inatel ajudou mais de 65 empresas a serem criadas e se firmarem no mercado; mudança tem como objetivo potencializar o surgimento de novas startups
Com mais de 35 anos de história, a Incubadora de Projetos e Empresas do Inatel reúne diversas histórias de sucesso. Mais de três décadas depois, em um momento em que o mercado vivencia o surgimento de novos modelos de empresas de base tecnológica, a incubadora de empresas da instituição também inovou, passando nos últimos anos a experimentar um novo formato e principalmente uma nova dinâmica. E a partir de agora, surge o nome Inatel Startups.
O coordenador do Núcleo de Empreendedorismo do Inatel, professor Rogério Abranches, explica que a mudança vai além da nomenclatura. "O objetivo do novo nome, Inatel Startups, é pelo fato da significativa importância das startups para o desenvolvimento da cultura da inovação global e por tudo que a instituição, por meio do núcleo de empreendedorismo, tem desenvolvido e conseguido oferecer aos empreendedores para o desenvolvimento de suas startups", conta.
Ele explica que o Inatel Startups é uma iniciativa que mostra como uma incubadora, atuando de forma mais ampla, para além do processo de incubação em si, pode ser entendida como plataforma estratégica e ao mesmo tempo operacional de grande relevância para a sociedade, entregando empresas sustentáveis, inovações e empreendedores conscientes do seu papel num polo de tecnologia como o nosso em Santa Rita do Sapucaí. "É um tipo de hub de empreendedorismo e inovação que irradia esta cultura, inclusive e intencionalmente, para fora da instituição", diz.
O coordenador explica que a incubadora, em sua trajetória, participou ativamente da criação e desenvolvimento de mais de 65 empresas. "Aproximadamente 30% das empresas de tecnologia do município foram criadas na Incubadora do Inatel. Aproximadamente dois terços dos empresários do município são ex-alunos", sendo que a maior parte destes participou do programa de empreendedorismo da Instituição, aponta.
Ao longo de todos esses anos, o projeto de incentivo, que surgiu em 1985, conta com capacidade para desenvolver 10 empresas simultaneamente, além dos projetos de empresas em desenvolvimento que são apoiados nas outras fases do processo, que são a Ideação e a Pré-Incubação. A incubadora do Inatel recebeu, por duas vezes, o prêmio de Melhor Programa de Incubação e Empreendimentos Inovadores do País, pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Em 2010, foi apontada entre as 20 melhores incubadoras do país na revista Pequenas Empresas Grandes Negócios.
Irrigação inteligente
Quem atua ou já passou pela incubadora, reconhece a importância que o agora Inatel Startups tem para o desenvolvimento de novas ideias. Igor Mendes Pereira, que é engenheiro de Telecomunicações e um dos diretores da Soil Tecnologia, diz que a incubadora foi e continua sendo essencial para fortalecer a proposta de criar um projeto empreendedor.
"Desde o princípio da startup, buscamos e tivemos apoio de todo o núcleo de empreendedorismo do Inatel, desde antes do projeto Soil, quando tínhamos apenas a ideia de empreender, mas não sabíamos ao certo como começar. Assim, fomos lapidados como empreendedores e, posteriormente, lapidamos nossa ideia que, em poucos meses, se tornou um produto mínimo viável (MVP)", conta.
A partir daí, o que era um esboço de uma nova empresa acabou se firmando como uma startup por meio da incubadora. "Entre testes em campo e eventos do Inatel Startups, o MVP foi aprimorado, até se transformar em um produto e serviço validados pelo mercado. Com isso, conseguimos fechar clientes e um grande contrato com uma fabricante de pivô central, que hoje recebe tecnologia embarcada Soil direto no seu processo de fabricação. Todos os negócios foram acompanhados e orientados pela equipe deste núcleo, as decisões são nossas, mas eles nos mostram alguns caminhos que nem sempre enxergamos", diz.
A startup, que surgiu como projeto inovador em 2018, desenvolveu uma plataforma de manejo de irrigação de plantações que conta com uma estação meteorológica e sensores de solo, que realiza o serviço por meio de um sistema automatizado. "Através de hardware e software de automação, a empresa entrega ao seu cliente o controle e informação da irrigação, que funciona independente de cobertura de celular ou de internet. A empresa tem como objetivo levar a praticidade, economia financeira e de água para o agricultor que utiliza a técnica de irrigação por pivô central", explica. Depois de passar pelas fases de ideação e pré-incubação, a empresa iniciou sua trajetória na Incubadora em dezembro de 2020, como empresa constituída.
Exportação de café
Ainda no campo do agronegócio, outra empresa que surgiu a partir do Inatel Startups foi a Agrorigem. O projeto surgiu da necessidade de solucionar um problema comum entre os produtores de café, que é a comercialização. Tamires Gabriele Teixeira, assistente administrativa da empresa, conta que a empresa conecta produtores de cafés especiais diretamente aos compradores de café em todo o mundo por meio de uma plataforma digital que dá escala aos negócios da empresa.
"Para os produtores, oferecemos maior receita e transparência por meio do acesso à nossa rede de compradores, além de todos os serviços de exportação. Para os compradores, oferecemos controle de qualidade, experiência de exportação, garantia de volume, recorrência e rastreabilidade de todos os nossos cafés", conta.
A empresa, com o apoio da Incubadora do Inatel, cresceu e atende clientes em vários países do mundo. "Nosso foco está no mercado externo, onde conseguimos vender os cafés especiais com maior valor agregado. Porém, também atendemos diversas demandas no mercado interno, para torradores e cafeterias brasileiras", diz.
Tamires conta que a Inatel Startups foi fundamental para o desenvolvimento da Agrorigem. "O ambiente de Startup do Inatel foi como uma mãe biológica, aquela que acolhe, que nos ensina e impulsiona para a vida. Nos ajudou a organizar a empresa, a entender os indicadores de desempenho, acesso a profissionais diferenciados e nos permitiu ótima visibilidade e credibilidade no mercado", avalia.
Inteligência Artificial
Outra empresa que também nasceu e cresceu com o apoio da Incubadora do Inatel foi a 4intelligence. A empresa atua no desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial que auxiliam na tomada de decisões. Rafael Mendonça, ex-aluno de engenharia da computação do Inatel, que é cofundador e diretor de tecnologia, conta que o projeto surgiu em 2016, quando ele e outros quatro sócios identificaram a oportunidade de negócio.
"A incubadora foi onde tudo começou de fato. Quando estávamos ainda idealizando o negócio, nós sabíamos que o caminho da realização passava pelo Inatel. Como todo ex-aluno da instituição, eu sempre mantive a ideia de que o Inatel é mais do que um centro formador de profissionais qualificados. É, na verdade, uma parceria para a vida toda", elogia.
Ele conta que, para ingressar no programa de incubação, foi preciso desenvolver um plano de negócios detalhado e consistente, além de levantar um estudo financeiro que pudesse viabilizar a execução da ideia. "Ademais, por todo o período de incubação, o Núcleo de Empreendedorismo e a comunidade do Inatel sempre tiveram uma atuação no sentido de proporcionar e disponibilizar recursos e capacitações que preparam as empresas incubadas para o mercado", avalia.
Sobre a 4intelligence, o professor Rogério Abranches comenta que a startup tem potencial para ser a empresa do ecossistema de inovação do município que mais captará recursos financeiros de venture capital. Pelo seu modelo de negócio que impulsiona o crescimento exponencial da empresa, pelos investimentos já recebidos de VC e pela estratégia executada pela empresa neste sentido.