Nos dias 30 e 31 de maio, o Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel sediou a terceira edição do Hackathon Construtech, uma maratona de 36 horas que reuniu estudantes, profissionais e entusiastas da tecnologia para desenvolver soluções voltadas aos desafios reais da construção civil. Durante o evento, as oito equipes participantes percorreram as etapas de ideação, validação e prototipagem para criar ferramentas tecnológicas aplicadas às áreas de gestão, marketing e logística do setor.
A iniciativa é uma parceria entre o Inatel e o Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Construção Civil do Sul de Minas Gerais - Sinduscon-Sul, e visa aproximar a tecnologia das demandas práticas da construção civil, fomentar a inovação e estimular o surgimento de novos negócios que contribuam para a modernização e competitividade do segmento.
Segundo Maria Claudia Martins, coordenadora do Sinduscon-Sul, o impacto do Hackathon vai além das soluções técnicas:
“As soluções criadas no Hackathon têm um potencial direto de transformar processos, reduzir custos e aumentar a eficiência nas empresas da construção civil. Muitas ideias apresentadas nasceram com foco na automatização de tarefas repetitivas, na melhoria da gestão de obras ou no uso de dados para tomada de decisões mais assertivas. O impacto vai além da ideia em si: é uma mudança de mentalidade dentro das empresas, mostrando que é possível inovar mesmo em um setor tradicional como o da construção.”
As três equipes mais bem avaliadas pelo corpo de jurados especializados foram premiadas com valores de R$5.500, R$3.500 e R$1.500, respectivamente. Os projetos permanecem de propriedade das equipes, que podem evoluir suas ideias no programa Inatel Startups, com suporte técnico, mentoria e infraestrutura para transformar seus protótipos em negócios reais.
1º lugar - ConstruAI
Integrada pelos alunos de engenharia do Inatel, Felipe Soares, Henrique Pizzoni, Vinicios Gimenez de Souza, Fernanda Souza e Leonardo Ferreira, a ConstruAI criou uma ferramenta baseada em inteligência artificial que automatiza a análise de viabilidade técnica e legal de empreendimentos a partir do zoneamento urbano. A solução combina dados da legislação municipal e parâmetros urbanísticos para gerar relatórios detalhados em poucos minutos, o que agiliza a tomada de decisão de arquitetos, incorporadoras e urbanistas, reduz custos e aumenta a precisão na conformidade normativa.
2º lugar - EcoWay
A equipe composta pelos estudantes João Emanuel Castral, Vinicius Vilela Ferreira, Daniel Carvalho e Mateus Franco de Oliveira desenvolveu uma plataforma web e aplicativo que utiliza inteligência artificial para interpretar arquivos vetoriais de plantas técnicas. A partir das especificações fornecidas pelo cliente, a solução gera automaticamente um orçamento detalhado, calcula a economia energética, define o posicionamento otimizado de tubulações e pontos de iluminação, dimensiona placas solares e elabora uma lista precisa de materiais.
3º lugar - ViewAI
Com os estudantes João Gabriel Ferreira Ribeiro, Fábio Miguel Caló Cruz, Júlio César Juriolli Filho e Isaac Lopes, a ViewAI utiliza Python e a API Gemini para transformar dados de geolocalização em projetos arquitetônicos otimizados. A ferramenta aplica inteligência artificial generativa para analisar relevo, orientação solar e dimensões do terreno, gerando plantas residenciais em SVG e modelos 3D realistas. A solução contribui para a automação da fase inicial de projetos em escritórios de arquitetura e construtoras.
Tecnologia como motor de transformação e empreendedorismo
Além das premiações, o Hackathon proporciona uma experiência única de colaboração multidisciplinar, onde os participantes aplicam seus conhecimentos em um ambiente desafiador e criativo.
“Trabalhar em equipe nesse ambiente de alta pressão e que estimula a criatividade é extremamente enriquecedor, ressaltando habilidade de pensamento rápido, divisão de tarefas, agilidade e principalmente tomada de decisões em equipe. A parte mais difícil, com certeza, é a tomada de decisões, saber que a equipe está apta a errar, mas que deve lidar rapidamente com as decisões tomadas e abrir mão daquilo que não é viável”, destaca Henrique Pizzoni, aluno de Engenharia de Software do Inatel e integrante da equipe campeã.
Essa capacidade dos jovens de pensar fora da caixa foi um dos grandes diferenciais, como reforça Maria Claudia Martins:
“O olhar criativo dos estudantes traz justamente aquilo que muitas vezes falta no setor: a capacidade de questionar o que já está consolidado e propor soluções fora do tradicional. Como ainda não estão presos às rotinas e limitações do mercado, eles conseguem enxergar os problemas sob uma nova perspectiva, com mais liberdade e inovação. Essa visão fresca pode ser o início de transformações importantes no setor.”
Hackathon Construtech 2025