Internet do Futuro e Rádio Cognitivo: Panorama das Pesquisas no INATEL

Por falar em aplicações, elas deverão ser criadas a partir da combinação de uma diversidade de software distribuído - do mais simples ao mais complexo - facilitando a criação de novas aplicações na forma self-service. Os dispositivos da rede serão virtualizados de tal forma que suas funcionalidades serão modificadas por software - são as chamadas redes programáveis. Enfim, espera-se que a nova Internet seja muito mais dinâmica, flexível, personalizável, ciente de nossos interesses, objetivos, capaz de se auto-organizar, auto-proteger, auto-configurar e auto-otimizar. A mobilidade será nativa, bem como a qualidade de serviço. As informações serão publicadas por pessoas e por máquinas, e os interessados terão que solicitá-las. A segurança será intrínseca e baseada em redes de confiança. Na minha opinião, a lista de benefícios esperados é grande.

De fato, já existem inúmeras pesquisas com o objetivo de projetar novamente a Internet. Alguns pesquisadores chamam esta iniciativa de Internet do Futuro ou Future Internet (FI), em inglês. Muitos países estão investindo grandes somas em parcerias com a iniciativa privada, para desenhar esta nova rede. A principal razão é que a Internet atual foi projetada em uma época muito diferente, e estamos exigindo que ela atenda todas as expectativas da sociedade atual - que em muito diferem daquelas existentes na época de sua concepção -, isso sem falar nas expectativas futuras de nossa sociedade. Uma nova Internet, apoiada no estado da arte das tecnologias atuais, pode revolucionar completamente a forma como fazemos telecomunicações.

Minhas pesquisas nesse tema iniciaram em 2008 com o estudo das propostas existentes. O resultado foi apresentado na Futurecom 2008. Em 2009, o tutorial "Convergência Digital em Telecomunicações: Das Redes Especializadas à Internet do Futuro" foi apresentado no XXVII Simpósio Brasileiro de Telecomunicações. Em 2010, escrevi um capítulo de livro intitulado Future Network Architectures. Em 2011, iniciamos a especificação de um sistema genérico de resolução de indireções, que está sendo usado como base para o projeto de uma arquitetura mais ampla que visa a integração do Rádio Cognitivo à Internet do Futuro. Rádios cognitivos poderão ser os dispositivos de acesso da nova Internet. Esta arquitetura visa integrar as novas abordagens de redes centradas na informação, com aplicações baseadas em serviços, virtualização e tecnologias autonômicas e cognitivas. O objetivo é criar o estrato de redes para os Rádios Cognitivos. O INATEL também desenvolve várias outras pesquisas no escopo dos Rádios Cognitivos, incluindo múltiplo acesso, escalonamento, sensoriamento espectral, gerência de espectro, codificação, antenas faixa larga e plataforma para implementação.

Em maio de 2011, o INATEL organizou o IWT 2011, que contou com a presença do Dr. Hiroaki Harai, pesquisador do NICT e líder do projeto japonês Akari. Além desta palestra, o evento sediou o workshop da coordenação de ações da Comissão Européia - BIC. O foco foi nos aspectos de segurança, privacidade e confiança na Internet do Futuro. Tivemos ainda um tutorial sobre Internet do Futuro que foi ministrado por mim e pelos pesquisadores do CPqD: Tania Tronco e Christian Rothenberg. O INATEL tem apresentado suas pesquisas em Rádio Cognitivo e Internet Futuro em eventos no Brasil e exterior.


Fonte: TeleSemana, 15 September, 2011
Link da notícia : http://www.telesemana.com/futurecom2011/2011/09/15/internet-do-futuro-e-radio-cognitivo-panorama-das-pesquisas-no-inatel/