O poder da inovação

auditoria_22_06_09.jpg"Recomendo aos empresários e os educadores preocupados com o empreendedorismo e inovação ficarem de olho no que está acontecendo em Santa Rita nas áreas da eletrônica e da telecomunicação"


Por Eloi S. Garcia *

Ao começar este artigo gostaria de lembrar que o nível de vida de um país depende principalmente de sua capacidade de inovação para produzir produtos, processos e serviços bons e baratos - tudo isto está relacionado com a capacidade empresarial e empreendedora de uma sociedade.

Alguns dias atrás eu fui com o presidente da Capes e alguns diretores da Fapemig visitar o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais. Lá tivemos a chance de ver que alguma coisa está ocorrendo em nosso país na área de inovação e fiquei mais convencido que a política industrial deveria basear-se em uma estratégica comum entre o setor universitário empreendedor (público e privado), governo (municipal, estadual e federal) e as empresas (pequenas, médias e grandes).

A inovação de processo se relaciona com a capacidade de produzir a mesma coisa, porém de maneira mais eficiente e mais barata. Este tipo de inovação permite um país ser mais competitivo na comercialização de produtos tradicionais. A inovação de produto é fazer coisas que nunca foram feitas e que geralmente estão associadas às novas tecnologias. Isto permite às empresas entrarem com força no mercado.

Lá em Santa Rita entendemos melhor o sistema de inovação e formação de empreendedores. Visitando as incubadoras existentes no Inatel, uma pequena e uma grande empresa da cidade, observamos claramente que a inovação é o motor da produtividade e que depende fundamentalmente da educação de nível técnico e superior.

Mas esta explicação não é inteiramente suficiente, pois mesmo que aumente o número de instituições de educação empreendedoras não se desenvolve de forma automática mais oferta de pessoas inovadoras. O empresário tem culpa nisto. Quase sempre se comporta como a natureza: é parcimoniosa na hora de mudança. Se uma coisa está funcionando para que mudá-la? Só pensa em inovação quando esta é absolutamente necessária.

Vi muitos jovens formados no Inatel que são empreendedores e criaram na cidade empresas inovadoras. Eles procuraram descobrir para suas atividades profissionais como fazer um bom produto ou processo ou mesmo serviço com preços suficientemente baixo, rentável e competitivo.

O Inatel desenvolve deste a primeira aula o estímulo à criatividade e o empreendedorismo em seus jovens alunos. Uma boa parte dos engenheiros de telecomunicações quando se formam já são inovadores. Como aprendem?

Não ficou claro para nós. Mas vimos que desde o inicio dos cursos os estudantes são estimulados a inovar produtos e processos, a desenvolver suas ideias originais nas incubadoras do Instituto, e os melhores empreendedores, ainda muito jovens, criam, associando-se ao arranjo produtivo local, microempresas geradoras de inovação.

Recomendo aos empresários e os educadores preocupados com o empreendedorismo e inovação ficarem de olho no que está acontecendo em Santa Rita nas áreas da eletrônica e da telecomunicação. O "dilema" da empresa está claro: inovar ou não ter sucesso. Essa é a questão.

* Eloi S. Garcia é pesquisador e ex-presidente da Fiocruz, membro da Academia Brasileira de Ciências e assessor do presidente do Inmetro.

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=64455