Projeto desenvolvido no Inatel identifica pragas em lavouras de morango por meio de visão computacional

A intenção é automatizar a identificação de doenças que acometem plantações

Um projeto desenvolvido pelo aluno de mestrado, Mateus Raimundo da Cruz, integrante do IoT Research Group, quer ajudar a combater as doenças que prejudicam o cultivo do morango. Iniciada no segundo semestre de 2021, a pesquisa permite identificar, de maneira remota, possíveis pragas que possam atrapalhar as lavouras. O projeto já está em fase de testes e é orientado pelo professor Samuel Baraldi Mafra, coordenador do grupo de pesquisas.

inatel projeto IoT lavoura morango 1Segundo o pesquisador, o morango tem diversas doenças que podem se proliferar de maneira rápida pela plantação caso não sejam identificadas e tratadas. "A detecção precoce da doença pode ser fundamental para a qualidade, saúde e produtividade do morangal. Porém, com o aumento da plantação, vem a dificuldade de monitorar toda a extensão do plantio de forma precisa, impossibilitando o monitoramento manual", diz.

Mateus explica que o aparecimento de doenças na plantação de morango está diretamente relacionado com as condições de temperatura e umidade. Por conta disso, o monitoramento em tempo real da plantação é um ponto importante para proteger o cultivo. Por meio da visão computacional, o projeto é capaz de identificar, com precisão, sete das doenças mais comuns presentes quando o morango está pronto para a colheita. Hoje, a identificação é feita de maneira local por meio de uma placa equipada com processador e uma câmera. O usuário aponta a câmera e consegue identificar a doença que acomete a fruta.

Porém, o objetivo é tornar todo o processo autônomo. "Ainda se faz necessário o desenvolvimento de um meio capaz de, autonomamente, percorrer a plantação de morangos para detecção das doenças. Ademais, uma rede de sensores sem fio, utilizando comunicação de radiofrequência de longa distância, já está concluída e pronta para ser implementada", explica.

O projeto, mesmo sendo direcionado para a plantação de morangos, pode ser adaptado para outras culturas. "A aplicação de visão computacional pode facilmente ser remodelada para detecção de outras doenças além das presentes no morango, aumentando ainda mais sua aplicabilidade. As redes de sensores sem fio, por outro lado, não necessitam de nenhuma adaptação para seu uso em outras culturas, visto que seu principal objetivo é o monitoramento de variáveis locais", aponta.

O autor do projeto conta, ainda, que o atual poder de processamento de dispositivos móveis possibilita que aplicações como o monitoramento dos morangos possam ser implementadas com baixo custo. "A evolução das técnicas de visão computacional não apenas aumenta a confiabilidade e performance destas aplicações. A detecção de doenças no morango é apenas um exemplo das diversas aplicações e soluções que podem ser desenvolvidas para aumentar a produtividade no campo".

Para o professor Samuel Baraldi Mafra, coordenador do IoT Research Group, a internet das coisas vem para ficar no nosso cotidiano e pode trazer vários benefícios que poderão ser observados nos próximos anos. “A Internet das Coisas conecta diferentes objetos do nosso cotidiano à Internet com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas em aplicações residenciais, saúde e cidades inteligentes. Como no caso do monitoramento das estufas de morango em que o produtor pode detectar precocemente um fungo na plantação, isolar esta área e não deixar alastrar por toda a plantação. Com uso de sensores de umidade do solo, o produtor pode fazer uma irrigação mais inteligente e com isso um uso mais racional da água”, conclui.

A pesquisa foi apresentada na 40ª edição do Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais – SbrT 2022, realizado na última semana no Inatel.