As pesquisas vão entender como os softwares funcionarão nos satélites com o 5G
O Inatel renova a parceria com o Sindisat e Abrasat para continuar os estudos iniciados em 2017, agora com um novo projeto que pesquisa um importante movimento, tanto para o mercado satelital, quanto para toda sociedade brasileira. O projeto entre as três instituições, com duração de dois anos, prevê duas bolsas de doutorado no Inatel, além do uso de equipamentos de ponta para testes reais com satélites. As pesquisas realizadas no Instituto vão propor soluções reais para as questões sensíveis das empresas de satélites.
Os investimentos para o projeto virão via Sindisat (Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações por Satélite), por meio de sete empresas que se prontificaram a promover o trabalho: a Claro S/A, a SES do Brasil, a Inmarsat Satellite, a Hughes Communications, a ViaSat do Brasil, a ST Engineering e a Comtech Telecommunications.
O combo formado por 5G, satélites, Wi-Fi e Internet das Coisas é o novo modelo para onde a tecnologia brasileira evolui. O funcionamento em conjunto dessas tecnologias, além de proporcionar grande revolução para as telecomunicações, deve completar a lacuna de conectividade em que vive grande parte do território nacional, nas áreas distantes dos grandes centros.
Segundo o Diretor do Inatel, Carlos Nazareth, existem regiões mais remotas e a necessidade de tráfego internacional que não necessariamente são cobertos por fibra óptica. “Dentro desse contexto, nós temos o mundo precisando cada vez mais de comunicação via satélite e essa integração do mundo satelital com o mundo da comunicação móvel, consequentemente com o mundo de telecomunicações terrestres, sempre existiu, mas a tendência é que nos próximos anos esse ecossistema 5G, que é bastante plural, possa envolver e usufruir dos benefícios que a comunicação via satélite traz de forma intensa” ressalta o Professor.
O momento é muito favorável para o mercado de satélites, que está em processo de transformação, para agregar satélites de altíssima capacidade e as novas constelações que possibilitarão aplicações inovadoras, como para o agronegócio, logística e cidades inteligentes. O primeiro projeto da parceria resultou em propostas para redes de distribuição de conteúdos com armazenamento local e Internet das Coisas para o 5G híbrido e, nessa segunda etapa, o Inatel aprofundará a pesquisa para redes programáveis e virtualizadas com satélite de alta e média órbita.
“Esse convênio vem em um momento muito bom, porque o Inatel, com essa capacitação técnica e acadêmica, vai poder construir e estudar essa integração com satélite. Nessas transformações que estão ocorrendo no setor de telecomunicações como um todo, mas em particular com o satélite, para que todas essas oportunidades que estão surgindo tenham o estudo acadêmico, com a teoria e as técnicas testadas, não adianta ficar somente na prática e nada melhor que um Instituto como o Inatel, de alta capacitação, para desenvolver esse trabalho” ressalta o presidente do Sindisat, Luiz Otavio Vasconcelos Prates (CLARO S/A).
As pesquisas realizadas no Inatel contarão ainda com o diferencial de testes realizados em satélites reais, como reforça o Coordenador do ICT Lab do Inatel, Prof. Antônio Marcos Alberti. “Existem sinergias entre o monitoramento ambiental via satélite, que vive um período especial com o lançamento do satélite Amazônia 1, e a Internet das Coisas no agronegócio, que é uma das áreas fortes do Inatel, além da conectividade no campo com 4G/5G/6G. E nossos alunos terão a oportunidade de trabalhar com satélites reais, o que é considerado muito raro para um pesquisador ter acesso, sendo que normalmente as hipóteses e teorias acadêmicas são testadas em simuladores, inclusive para projetos europeus. O Inatel está ofertando para seus programas de mestrado e doutorado a oportunidade de estudar o que há de mais avançado em 5G/6G, redes programáveis, virtualização de funções de rede, Internet das Coisas (IoT) e distribuição de conteúdo, aplicado com soluções satelitais” destaca o Professor.
Luiz Otávio Prates (Claro S/A), Presidente do Sindisat
Do mesmo modo, o Instituto mantém o contato direto com as empresas para que os estudos acadêmicos sejam propostos para problemas reais, com desenvolvimento de equipamentos e soluções necessários à indústria de satélites. Para o presidente da Abrasat, Associação Brasileira das Empresas de Telecomunicações por Satélite, Fábio Alencar (SES DTH do Brasil), é fundamental o meio acadêmico estar interligado com a indústria e com a realidade que está acontecendo no mercado.
Fábio Alencar completa que “para nós, como operadoras no Brasil, é importante a parceria com o Inatel porque ele está muito próximo do nosso mercado. Em um case (sobre o Inatel e os resultados da primeira pesquisa) apresentado em um Painel sobre satélites, tudo o que poderia parecer futurista, quando se falava em rede virtual ou verticalização, tinha acabado de ser comprovado pelos pesquisadores no Inatel” afirma o representante das empresas de satélite.
Fábio Alencar (SES DTH do Brasil), Presidente da Abrasat
O Professor Alberti conta também que o objetivo central dos trabalhos em parceria com o Sindisat e Abrasat será estudar o funcionamento de softwares nos satélites. “Está havendo um movimento de softwarização de tudo, o que significa que estão utilizando um programa para virtualizar funções de rede e estamos pesquisando para entender como esses softwares vão entrar nos satélites junto com o 5G” relata o pesquisador.
O Diretor do Inatel contempla um futuro promissor para os satélites no país. “A tecnologia espacial teve um grande avanço, temos visto constantemente os novos tipos de foguetes e desafios que estão sendo cumpridos com bastante eficácia pelo mercado, principalmente na área de lançadores. Isso tem feito que o lançamento de satélites tenha se tornado mais barato, rápido e eficiente, e a tecnologia de satélites tem sido estudada como nunca, a ponto de viabilizar não só os satélites geoestacionários (aqueles que ficam parados, mas muito distantes da Terra), como também os satélites em órbita baixa, que têm um número de aplicações muito grande. E como o Brasil tem uma posição de lançamento satelital muito privilegiada em todo o mundo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação também está aproveitando esse desenvolvimento do mundo satelital para reativar a nossa base de lançamento em Alcântara, e tem toda prerrogativa para que o país possa ser um player importante no mundo satelital” enfatiza o Prof. Carlos Nazareth.
Nos próximos anos, a virtualização e verticalização de redes transformará as redes estáticas em dinâmicas, ágeis e otimizadas. Serão recursos implantados automaticamente, com pouco ou nenhum envolvimento humano, de forma automatizada e controlada por software, com uma rede virtual na nuvem. E o papel dos satélites será essencial para toda essa conexão de serviços avançados de Internet das Coisas (IoT), que estão cada vez mais próximos da realidade, como os carros autônomos, a indústria e a agricultura 4.0.