Projeto do Inatel promove participação feminina na tecnologia com apoio do CNPq

Iniciativa oferece formação em IoT e IA para estudantes e professores da rede pública de Brasópolis, Cachoeira de Minas e Santa Rita do Sapucaí (MG)

A presença feminina nas engenharias ainda é minoritária no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em 2024 apenas 20% dos profissionais registrados na área são mulheres. O cenário é reflexo de um histórico de desigualdades estruturais que se manifesta desde os primeiros anos da educação formal. Para enfrentar essa realidade, o Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel lança o projeto “Meninas e Mulheres na Ciência”, contemplado com nota máxima na Chamada CNPq/MCTI/MMulheres nº 31/2023.

A iniciativa está alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da ONU – Igualdade de Gênero, que visa “eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a participação plena e efetiva das mulheres na ciência, tecnologia e inovação”. A proposta do Inatel promove ações práticas que conectam escolas públicas, universidade e pesquisa científica, com foco na ampliação da representatividade de meninas e mulheres na ciência e tecnologia.

O lançamento oficial do projeto ocorreu no dia 02 de agosto,  durante o HackTown, em Santa Rita do Sapucaí. A apresentação acontecerá antes do painel temático “Do apoio à ação: como potencializar o protagonismo feminino em ciência e inovação”, que discute a inclusão feminina no campo de TIC, que integra a programação oficial do evento com professoras do Inatel.

Três anos de formação com foco em equidade

O projeto selecionou 20 alunas do 1º ano do Ensino Médio de duas escolas públicas de Santa Rita do Sapucaí, além de uma escola pública em Brasópolis e outra em Cachoeira de Minas. As estudantes serão acompanhadas ao longo de três anos em atividades formativas nas áreas de Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA). A seleção foi realizada pelas próprias escolas, que também indicaram professoras tutoras responsáveis pelo acompanhamento das estudantes no ambiente escolar. Essas tutoras recebem bolsas para atuar diretamente no projeto.

Além disso, 30 professores da rede pública, das escolas participantes e de outras instituições da região, serão capacitados com foco em conteúdos técnicos e aplicação pedagógica. A proposta é integrar os temas de IoT e IA a disciplinas curriculares, como Matemática e Ciências, contextualizando esses conhecimentos com o cotidiano escolar.

A adaptação pedagógica dos conteúdos será feita em parceria com o Programa cas@viva, especializado em processos de ensino e aprendizagem no Inatel.

Pesquisa, desenvolvimento e formação em rede

O projeto envolve a participação do Programa cas@viva, dos Laboratórios xGMobile, CTIoT e Mind++, que atuam em áreas como redes móveis, Internet das Coisas, Inteligência Artificial e desenvolvimento educacional.

Estão previstas bolsas de iniciação científica júnior, bolsas para as professoras tutoras de cada uma das escolas públicas, bolsas de iniciação científica para alunas de graduação do Inatel, pós-doutorandas e uma bolsista responsável pela produção de conteúdo de divulgação científica. A proposta é criar uma trilha de formação feminina na ciência e tecnologia, desde a educação básica até a pós-graduação.

Segundo a professora Daniely Gomes, coordenadora do projeto “o objetivo é mostrar a essas meninas que um futuro na tecnologia é não apenas possível, mas promissor, incentivando sua permanência na área e impulsionando sua jornada rumo a posições de liderança, contribuindo assim para uma sociedade mais equitativa em termos de gênero".

Colaborador e incentivador do projeto, o professor Evandro Vilas Boas, acrescenta que esta proposta pode ser replicada em outras localidades. “Se os resultados forem alcançados, esse piloto poderá servir de base para uma política mais ampla do CNPq, com foco em inclusão e permanência feminina na ciência”.

Um projeto inédito no Inatel

O “Meninas e Mulheres na Ciência” é o primeiro projeto do Inatel inteiramente voltado à formação de meninas e mulheres em tecnologia, com coordenação e execução prioritariamente femininas. Embora o Instituto já desenvolva outras iniciativas voltadas à diversidade, como o “Ciência por Elas”, financiado pela FAPEMIG, este novo projeto é o primeiro a abranger simultaneamente estudantes do ensino médio, universitárias e pesquisadoras de pós-doutorado.

Ao ser contemplado pela Chamada 31/2023, o projeto foi aprovado na totalidade da proposta submetida, incluindo todas as bolsas e ações planejadas, o que reforça a sua relevância técnica, social e educacional.